Eu sou a Lirvont, a mente inquieta por trás deste blog. Tenho 28 anos e sou formada em Design de Moda, e ainda estou tentando me encontrar dentro dessa área. Criar tem sido minha paixão e a forma como melhor consigo me expressar; sempre busco formas diferentes de fazê-lo. A criação, escrita e a arte são meu refúgio e inspiração. Me traz senso de pertencimento, sabe? Desde aquelas histórias super antigas até criar umas coisas em 3D que eu nem sabia que tinha capacidade de fazer!
Gosto de ficar em casa, refletir sobre as coisas e tentar entender sobre mim mesma. Esse blog nasceu disso daqui, da voz que há anos me pede para compartilhar sobre o que penso.
Assistir doramas, filmes, cozinhar e mergulhar em livros são minhas formas de escapar para mundos diferentes, assim como recentemente descobri, aprender idiomas. No momento, estou aperfeiçoando o inglês e comecei o coreano, mas não vou parar por aÃ. Meu objetivo é aprender mais cinco lÃnguas.
Aqui, neste blog, compartilho minhas reflexões, pensamentos internos e visões sutis do mundo. Nada aqui é certo ou errado, são opiniões pessoais que podem sim mudar com o passar do tempo, afinal, ninguém permanece o mesmo para sempre.
Com essa tendência de get read with me ( arrume-se comigo), surgiu algo que me intrigante que são os fiscais de moda. Vai me dizer que já não viu um comentário do tipo “ Infligiu a lei maria da moda”, teve até uma trend rolando a um tempo atrás com essa musica, ou quem sabe você mesmo já não comentou algo porque não te agradou.
Nos, como sociedade temos um certo padrão do que é normal e vestÃvel, um jeito correto de como cada peça deve ser usada, certo? O vestir-se “fora da curva” só é aceitável quando você faz parte de um circulo social especÃfico. Quando vezes não vemos no redcarped, nos desfiles, algo que achamos absolutamente revolucionário ( o que não nos isenta de criar memes e dar uma zoada) mas ainda assim é visto como criativo e inovador, porém se for visto usando na rua ou na internet mesmo, por alguém não tão conhecido assim, como no caso daquela menina que colocava roupa em cima de roupa em cima de roupa, é taxado como brega, estranho, nada a ver.
Outro exemplo são os vÃdeos que mostram como as pessoas se vestem em Nova york, boa parte dos comentários é enaltecendo como eles se expressam através da moda. um show fashion. Entretanto se for aqui a opinião muda para um “show de horrores”.
Lembro de quando eu pintava minhas unhas uma de cada cor a uns 15 anos atrás e as pessoas diziam que eram “estranho”, e hoje em dia é moda. O que é aceito na moda, muda o tempo todo.
Uma hora você tá de vestido com calça leggin e boina e de repente se passam 10 anos e você tá se perguntando como foi que você teve coragem de usar aquela roupa e ainda achar que estava arrasando. A moda é experimental e muitas vezes não vai ser harmônico e agradável aos olhos mas se não houver essa experimentação, como é que isso pode vir a ser revolucionário? Como é que você vai encontrar a melhor forma de expressar a si mesmo?
Quantas vezes já fomos julgados por usar algo que ninguém usa e de repente isso vira uma febre? Se permita experimentar e permita deixar as pessoas se vestirem como quiserem sem enquadra-las na lei maria da moda por que é assim que a gente descobre as mais fantásticas revoluções no mundo da moda, da arte e do design.
Agnes nasceu em 1422, e assim como outras jovens quando completou 15 anos foi mandada para uma corte para terminar sua educação e aprender a viver na sociedade. Ela foi parar na corte mais refinada e culta da época, onde foi preparada para se tornar dama de companhia da rainha consorte de Nápoles, a Isabel da Lorena. E foi lá que conheceu o rei Charles VII que encantado por sua beleza transferiu seus serviços para sua própria esposa Maria de Anjou e em 1444 eles começaram a ter um caso.
Ter amantes era uma pratica comum porém era algo “discreto”, E pela primeira vez na história, tomado pela beleza e inteligência de Agnes, Charles decidiu criar um titulo oficial para Agnes como sua amante. O que significava que agora ela tinha os mesmo benefÃcios que um conselheiro, como ter um certo grau de autoridade, receber uma renda anual e ser tratada com respeito.
Dizem que ela teve um papel muito importante para a França, aparentemente ela ajudava Charles em algumas decisões e sugeria certos conselheiros que ela sabia que seriam capazes de auxiliar ele com os ataques que vinham ocorrendo no paÃs.
Ela era uma mulher a frente de seu tempo. Ousada e com um “cargo” politico incomum para a época. Isso refletiu na forma como ela se vestia, podendo pagar para acompanhar tendências e estilos mais elaborados, adotou aos decotes escandalosamente baixos e encomendou vestidos sob medida para expor seus seios em uma moda que contava com uma abertura frontal. Ela era o auge da moda Francesa e o ideal de beleza para a época, as mulheres começaram a imita-la.
Muitas mudanças polemicas para contexto da época causou indignações e ódio. Quando ela foi usada como modelo na pintura da Virgem Amamentando seu filho, chocou muitas pessoas pelo fato de seus seios e mamilos estarem a amostra através da abertura no vestido, essa indignação partiu dos homens da igreja que acharam o desenho totalmente inadequado e começaram uma campanha de difamação contra Agnes.
A questão é, esse estilo de pintura chamado de madonna Lactante era bem popular para o aquele tempo, o que sugere que a polêmica do seio na verdade servia como disfarce pelo ódio desse espécie de poder que Agnes tinha sobre o rei.
Agnes morreu aos 28 anos, gravida de seu quarto filho com Charles e acredita-se que a causa da morte tenha sido envenenamento.
Agnes utilizou dessa tendência que colocava o corpo feminino através da moda em destaque, refletindo toda a sua essência e impondo sua presença em uma sociedade predominantemente dominado pelos homens.
Provavelmente você já deve ter
cruzado com a palavra AESTHETIC em alguma rede social. “Descubra o seu
aesthetic”, “Como ser uma aesthetic girl”. Em português significa estética,
nada mais é que um conjunto de roupas, hobbies e lifestyle que juntos definem
um tipo especifico de estilo.
Como uma boa jovem adulta que está tentando achar o seu estilo é claro que eu fui pesquisar cada aesthetic para saber se eu me encaixava em um deles, começando em ordem alfabética: Art hoe. Uma rápida pesquisa no Pinterest e você vai se deparar com fotos de pinturas em disco de vinil, sueters bordados, jeans pintados à mão, mochila kanken e meias com estampas de quadros do Van Gogh.
Durante essa minha pesquisa
superficial foi bem fácil assumir que o Art hoe era uma estética para pessoas
que gostavam e fazia arte. Apenas depois de muita procura é que eu encontrei o verdadeiro
motivo pelo qual o arthoe foi criado.
Ele teve origem em 2015 no Tumblr
quando uma artista negra chamada Mars que na época tinha 15 anos começou fazer desenhos
nas suas selfies. Isso chamou a atenção de Jam que também tinha uma conta no
Tumblr, ela percebeu que a selfie era muito mais do uma simples foto com um
desenho em cima, mas sim uma forma de expressão no qual dava liberdade para
quebrar estereótipos e mostrar ao mundo a forma que elas queriam ser vistas.
“Artistas negros estão
constantemente sendo sub-representados e explorados. Se não estamos sendo
varridos para debaixo do tapete, nossos corpos estão sendo abertamente
sexualizados e usados como musas” Diz Mars em uma entrevista para a
revista de moda e cultura Dazed (2016).
A partir de uma selfie a algo
maior, nasceu assim um movimento que Mars e Jam decidiram chamar de ART HOE, um
termo que em inglês é tido como ofensivo, mas que elas decidiram pegar a
palavra e reivindicar para si como forma de poder.
“'Hoe' é AAVE (inglês
vernáculo afro-americano) e normalmente é uma forma depreciativa de se referir
à s mulheres - especialmente as negras - como sendo promÃscuas, dentro do olhar
masculino. Usar o termo de forma arbitrária diminui sua origem prejudicial Ã
luz de algo melhor. ” diz Mars ao site The Guardian.
A hashtag #arthoe era o espaço no
qual artistas negros e grupos minoritários utilizavam para reunir imagens das
suas artes em um lugar só e que poderiam ser facilmente encontradas. Porém a
hashtag começou a tomar outros rumos quando um grupo de meninas começaram a
postar fotos com mochilas de marca e outros itens caros com um tipo especifico
de estilo, se apropriando assim da #arthoe indo totalmente contra a ideia
inicial do movimento que é sobre criatividade, abrir espaço para artistas
negros e grupos minoritários.
Tentando recuperar a imagem e
conceito do Arthoe para a sua verdadeira origem, Mars e Jam juntos com outros
amigos decidiram criar uma conta no instagram chamada @arthoecollective, um
lugar para trazer mais exposição para grupos marginalizados. A pagina conta com
um grupo de pessoas que faz uma curadoria das obras que eles recebem e postam
na página afim de trazer reconhecimento para artistas que não tem muita
visibilidade online. Além da arte o Art
Hoe Collective defende a autoestima e luta pela igualdade.
“O que esperamos fazer com
@arthoecollective, é recuperar o movimento que foi roubado de nós por garotas
brancas, mochilas kanken e marcadores caros.” Diz Jam em entrevista para o
site diggit magazine.
Alguns grandes artistas como a
cantora Willow Smith e a atriz Amandla Stenberg fizeram contribuições para
ajudar o movimento na época.
Hoje em dia o Instagram já chega
a quase 100 mil seguidores e continuam recebendo as submissões para o seu feed.
O fato é que temos pouca informação sobre isso principalmente aqui no Brasil porque à proporção que o “aesthetic arthoe” tomou foi tão grande que ocupou o lugar de origem de um movimento cultural tão legal e abrangente, ainda mais em um tempo que a maioria das pessoas estão consumindo informações em cima de informações sem ter tempo para analisa-las duas vezes. Então da próxima vez que ouvir o termo arthoe ou for pesquisar ou postar alguma imagem com essa hashtag tome cuidado e lembre-se do seu significado.
Referências: https://www.diggitmagazine.com/articles/whitewashing-art-hoe-movement, https://www.dazeddigital.com/projects/article/29584/1/art-hoe-collective, https://www.theawl.com/2016/03/disassembling-the-gallery-an-interview-with-the-art-hoe-collective/, https://medium.com/@1005696/five-art-hoe-collective-review-9a5de9d222fd, https://www.theguardian.com/artanddesign/2015/aug/19/arthoe-teens-kickstart-feminist-art-movement-instagram-tumblr
Escrevendo as aleatoriedades que se passa na minha cabeça. Aqui, neste blog, compartilho minhas reflexões, pensamentos internos e visões sutis do mundo. Nada aqui é certo ou errado, são opiniões pessoais que podem sim mudar com o passar do tempo, afinal, ninguém permanece o mesmo para sempre. Read More