Quando o Refúgio Se Torna uma Forma de Fugir

 Antes de todo o meu frenesi com leitura começar, lembro que me orgulhava de dizer que não gostava de ler. "Eu odeio leitura", afirmava com convicção. Ah, doce engano.

Tenho dúvidas sobre qual dos três títulos foi o primeiro livro que li, mas o mais marcante, sem dúvida, foi A Invenção de Hugo Cabret. Ganhei esse livro cheio de imagens da escola ao concluir o ensino fundamental. Lembro-me claramente de sentar na varanda enquanto lia e, nas pausas dos momentos mais tensos, olhar para a árvore do outro lado da rua. Foi daí para frente que tudo mudou.

Costumo pensar que a leitura me salvou, me confortou e foi o refúgio para onde eu fugia quando não queria estar no mundo real. Em 2017, ano de TCC, estresse e ansiedade, li 88 livros. Nenhum deles tinha qualquer relação com o TCC. Isso dá uma média de um livro a cada quatro dias, mas a verdade é que muitas vezes eu deixava de dormir para devorar dois livros em menos de 24 horas.

A leitura é maravilhosa. Ela ensina, é ótima para o desenvolvimento pessoal, mas, em um momento da minha vida, também se tornou um vício para evitar viver. Isso me faz pensar como até algo aparentemente inofensivo pode se voltar contra nós mesmos, se não estivermos atentos ao que está acontecendo no nosso interior.

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